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Trabalhar mais é menos?
A conciliação do trabalho com a vida familiar é um dos temas dominantes nas sociedades atuais quando se fala de ter filhos ou fazer crescer a família. Sem surpresa, este é uma das condicionantes apontadas para não ter mais crianças.
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Trabalhar mais é menos?

Qual é a situação laboral ideal? 

Então, na perspetiva dos próprios, qual seria a situação laboral ideal para a mãe e para o pai?

Aqui não há uma “guerra de sexos”, ao contrário do que se poderia suspeitar. Tantos uns como outros defendem o “status quo” dos papéis tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres: eles com mais responsabilidades profissionais e elas com mais empenho e tempo dedicados à família.

A preferência do maior número de pessoas vai para a seguinte combinação: a mãe deve, idealmente, trabalhar a tempo parcial fora de casa e o pai deve trabalhar a tempo inteiro fora de casa.

Comparando as respostas dadas por mulheres e por homens, verifica-se que são até elas quem mais prefere ter um regime laboral parcial, ficando com mais tempo para a família. No caso das mulheres, 51% defende esta opção, enquanto nos homens são 41% (os que já são pais) ou 35% (entre os que não têm filhos) os que acham que o ideal é a mãe trabalhar fora de casa apenas a tempo parcial.

Mais consensual ainda é a referência à situação preferencial para o pai: todos, mulheres e homens com e sem filhos, apontam que o ideal é ele trabalhar a tempo inteiro fora de casa com valores extremos de 60% (observado no conjunto de mulheres sem filhos) e os 68% (observado no conjunto dos homens com filhos).

 

A presença em casa? Essa questão já não se pode colocar porque já nem os pais nem as mães estão em casa
Divorciado, 1 filha e reconstituiu família, 42 anos
As crianças passam mais tempo na escola do que nós passamos nos nossos empregos
Avó, mãe, filha, 90, 69 e 43 anos
Eu diria a palavra liberdade para decidir de que forma é que eu faço as 8 horas de trabalho
1 filha, querem ter mais, 42 e 35 anos
Eu chegava à meia noite e de repente dei por mim a pensar que não conseguia deixar um bebé para voltar a trabalhar
4 filhos, 42 e 35 anos

Diretamente relacionado com este está o tema do equilíbrio com a realização pessoal e profissional de cada um.
Os homens dão mais importância à parentalidade para a realização pessoal deles ou das mulheres. São 53% os que consideram que ter filhos é importante para que se sintam realizados(as). Quando a mesma pergunta é feita às mulheres, 46% consideram que a maternidade é um fator importante de realização pessoal para elas e 40% acha o mesmo em relação a eles.

A presença materna junto dos filhos em idade pré-escolar é mais valorizada (por 36% das mulheres e 46% dos homens) do que a presença do pai (defendida por 13% delas e 20% deles).

A concordância entre sexos também existe quando se conclui que “o desejo de uma carreira profissional e de uma vida pessoal e social ativa influenciam a decisão das mulheres não terem filhos” e que “algumas mulheres adiam o nascimento do primeiro filho ou de um filho e acabam por desistir tendo em conta a sua idade”. Estas ideias merecem a concordância de um pouco mais de 80% das pessoas, independentemente de serem homens ou mulheres e do facto de terem ou não filhos.

E há mais. São cerca de 74% das mulheres e de 64% dos homens que concordam que “uma mãe que trabalha fora de casa pode ter uma relação com os seus filhos tão boa como uma mãe que trabalha em casa”. Já a afirmação “uma mulher pode criar um filho sozinha sem querer ter uma relação estável” merece a concordância de 78% das mulheres e de 71% dos homens.

 

As pessoas acham que é importante ter menos filhos com mais oportunidades, do que mais filhos com mais restrições
Coordenadora do estudo «Determinantes da Fecundidade»
Portuguese, Portugal