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Rendimentos e Desigualdade
A evolução recente dos rendimentos familiares e dos principais indicadores de desigualdade
4 min
Distribuição do Rendimento Disponível

Evolução Real do Rendimento Médio Disponível por Adulto Equivalente (Euros/Mês) 2010-2021

Em 2021 o rendimento médio por adulto equivalente teve uma ligeira contração em termos reais, passando de 1107 euros mês para 1096 euros. Este decréscimo do rendimento real das famílias (inferior a 1%) é explicado pelo ligeiro crescimento nominal positivo verificado (de 1093 euros mês para 1096) e pela inflação que, em 2021, se situou em 1,3%.

O perfil de evolução do rendimento equivalente das famílias não foi porém homogéneo. De acordo com os dados publicados pelo INE, o valor do percentil 10 (a fronteira que separa os rendimentos dos 10% mais pobres das restantes famílias) aumentou em termos reais cerca de 9%, o que certamente contribuiu para a melhoria da situação económica das famílias mais vulneráveis com reflexos, como veremos, nos indicadores de pobreza e de desigualdade.

 

Rendimento Mensal Equivalente na União Europeia 2020 (valores em euros)

Em 2020, último ano para o qual o Eurostat disponibiliza informação sobre praticamente todos os países da União Europeia (UE), o rendimento médio mensal por adulto equivalente das famílias portuguesas foi de 1093 euros. Portugal era, neste ano dominado pelos efeitos da crise económica e social provocada pela pandemia, o 11º pais com rendimento mais baixo do conjunto dos países da União Europeia. O seu rendimento médio por adulto equivalente correspondia a 62,8% do rendimento médio da União Europeia.

 

Evolução da Desigualdade: Coeficiente de Gini* (2003-2021)

Em 2021 o coeficiente de Gini sofreu um desagravamento de um ponto percentual, fixando-se no valor de 32%. Este resultado traduz uma recuperação da desigualdade face ao acréscimo verificado em 2020, mas foi ainda insuficiente para repor os valores que existiam antes da crise (31,2% verificado em 2019).

 

* Coeficiente de Gini: indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição, assumindo valores entre 0 (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo). 

Evolução da Desigualdade

Uma outra forma de olhar para a evolução da desigualdade é confrontar a distância que separa o rendimento médio dos indivíduos na base da escala de rendimento com o daqueles que se situam no topo dessa escala. Os índices S80/S20 e S90/S10 permitem-nos medir a desigualdade entre os extremos da distribuição do rendimento por adulto equivalente. A evolução destes indicadores é semelhante à observada para o coeficiente de Gini. Em 2021, o rendimento médio por adulto equivalente dos 10% mais ricos era cerca de 8,5 vezes superior ao dos 10% de menores rendimentos.

Tal como verificado com o coeficiente de Gini, a evolução destes indicadores reflete um desagravamento da desigualdade ocorrido em 2021 que, contudo, não foi ainda suficientemente amplo para repor os valores anteriores à crise provocada pela pandemia.

 

Desigualdade por Regiões: Coeficiente de Gini * (2021)

O nível de desigualdade, medido pelo coeficiente de Gini, varia entre as várias regiões do País. A região autónoma dos Açores, com um valor de 34,8% era a região com maior assimetria na distribuição dos rendimentos, cerca de 2,8 pontos percentuais acima da média nacional que se situou em 32%.

Todas as regiões do Continente com exceção do Algarve registaram um decréscimo da desigualdade. O Algarve, provavelmente como resultado dos efeitos mais acentuados e prolongados da crise pandémica, viu o seu nível de desigualdade crescer de cerca de 1,8 pontos percentuais.

As regiões autónomas dos Açores e da Madeira sofreram igualmente em 2021 um agravamento da desigualdade, retomando a sua posição tradicional como as regiões mais desiguais do país.

 

* Coeficiente de Gini: indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição, assumindo valores entre 0 (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo). 

Desigualdade na União Europeia: Coeficiente de Gini * (2020)

Em 2020, Portugal era o quinto país mais desigual da União Europeia, com um coeficiente de Gini de 32%. Os efeitos económicos do impacto da pandemia no território nacional levaram a que, em 2020, o nosso país subisse três lugares no ranking dos países mais desiguais.

O país registava, em 2020, um valor superior em 2,9 pontos percentuais à média da União Europeia, quando no ano anterior este valor era de 1,2 pontos percentuais. Portugal passou assim do oitavo para o quinto lugar no ranking dos estados-membros mais desiguais.

 

 

* Coeficiente de Gini: indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição, assumindo valores entre 0 (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo).

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