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Pobreza Monetária
Os principais indicadores de pobreza monetária. Quais os grupos sociais mais vulneráveis às situações de pobreza.
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Evolução da Pobreza Monetária (2003-2021)

Os efeitos socioeconómicos provocados pela pandemia e pela contração da atividade económica de 2020 sobre os diferentes indicadores de pobreza foram claramente revertidos em 2021.

A taxa de pobreza do conjunto da população reduziu-se em dois pontos percentuais fixando-se em 16,4%, um valor muito próximo do verificado antes da crise.

Em 2021, a intensidade da pobreza (que avalia quão pobres são os pobres) diminuiu 5,4 pontos percentuais, de 27,1% para 21,7%. Esta diminuição traduz uma forte melhoria da situação económica das famílias e dos indivíduos mais pobres. O valor da intensidade da pobreza registado em 2021 constituí mesmo o valor mais baixo da série iniciada em 2003.

 

Incidência da Pobreza Monetária por regiões (2021)

A quebra na incidência da pobreza em Portugal em 2021 repercutiu-se de forma desigual nas diferentes regiões do país. As regiões Norte, Centro, Lisboa e Alentejo registaram uma diminuição da taxa de pobreza, com particular destaque para a região Centro, onde este indicador teve uma descida acentuada (4,3 pontos percentuais).

O Algarve foi a única região do continente onde a incidência da pobreza registou um ligeiro aumento, resultante da maior intensidade e persistência da crise económica nesta região durante a pandemia.

As regiões autónomas dos Açores e da Madeira permanecem como as mais pobres do país, com taxas de pobreza superiores a 25%. Nos dois arquipélagos, a incidência da pobreza também aumentou em 2021, fixando-se em 25,1% nos Açores e em 25,9% na Madeira.

 

Evolução da percentagem de crianças e idosos em situação de Pobreza

A incidência da pobreza nos dois grupos etários mais vulneráveis da população portuguesa registou, em 2021, uma evolução extremamente positiva, anulando na totalidade os impactos da crise sentidos no ano anterior.

A taxa de pobreza das crianças e dos jovens reduzia-se em 1,9 pp e a dos idosos diminuiu 3,1 pp. O valor da taxa de pobreza das crianças e dos jovens (18,5%) em 2021 é mesmo o mais baixo registado neste grupo etário desde 2003.

Já a taxa de pobreza dos idosos fixou-se em 17,0%.

Contudo, estes valores mantém-se ainda acima do valor conjunto nacional (16,4%), revelando a vulnerabilidade destes dois grupos etários às diferentes dimensões da pobreza. A situação das crianças e jovens subsiste como um fator de forte preocupação social, com uma incidência da pobreza que é dois pontos percentuais superior à média nacional.

 

Taxa de Pobreza na União Europeia (2020)

Em 2020, ano em que os efeitos socioeconómicos da crise da Covid-19 mais se fizeram sentir nas condições de vida da população, Portugal era o décimo país da União Europeia com maior taxa de pobreza (18,4%), situando-se acima da média da União Europeia (16,8%) e da zona Euro (17,0%).

O impacto da crise na pobreza monetária revelou-se mais profundo no nosso país do que no conjunto dos estados-membros. Em 2019, Portugal era o décimo quinto mais com maior incidência da pobreza, com valores da taxa de pobreza ligeiramente abaixo da média da União Europeia e da zona Euro.

 

Taxa de Pobreza por grupo etário (2021)

A diminuição da incidência da pobreza registado em 2021 refletiu-se em todos os grupos etários que viram a sua taxa de pobreza diminuir. A diminuição da taxa de pobreza da população idosa foi a mais expressiva passando de 20,1% em 2020 para 17,0% em 2021. Apesar disso as crianças e, jovens permanecem como o grupo etário onde se regista uma maior incidência da pobreza (18,5%).

 

Taxa de Pobreza por composição do agregado familiar (2021)

A análise da incidência da pobreza por tipo de família permite identificar os núcleos familiares mais vulneráveis à pobreza monetária. Em 2021 assistiu-se a diminuição da taxa de pobreza de praticamente todos os grupos sociais analisados, sendo essa redução de 2,4 pp nas famílias sem crianças e de 1,7 pp nos agregados familiares com crianças.

As famílias monoparentais e as famílias com três ou mais crianças dependentes apresentavam as taxas de pobreza mais elevadas (28,0% e 22,7%, respetivamente) apesar de este último grupo ter registado um decréscimo muito significativo da sua taxa de pobreza. Os dados do ICOR 2022 confirmam assim que, apesar da melhoria registada, estes dois grupos  permanecem como as famílias mais vulneráveis às situações de pobreza.

 

Taxa de Pobreza segundo a condição perante o trabalho (2021)

A população em situação de desemprego é um grupo social extremamente vulnerável à pobreza. A incidência da pobreza neste grupo, apesar de ter diminuído 3,1 pp face a 2020, é das mais elevadas entre a população portuguesa (43,4%). O desemprego permanece, assim, um dos principais fatores de pobreza.

A proporção da população empregada que vive em situação de pobreza diminuiu de 11,2% para 10,3%. A existência de uma percentagem tão expressiva de indivíduos que apesar de terem emprego não conseguem evitar a pobreza não pode deixar de constituir um dos fatores mais preocupantes da situação social do país.

A incidência da pobreza da população reformada foi aquela que mais se reduziu, passado de 18,1% em 2020 para 14,9% em 2021, um valor inferior ao do conjunto da população residente em Portugal (16,4%).

 
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