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O Sistema de Pensões será financeiramente sustentável a longo prazo?
Como vai aumentar o número de pensionistas até 2070? Quanto iremos gastar com pensões? As receitas do sistema vão chegar para pagar as pensões?
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Capa do estudo Sustentabilidade do sistema de pensões português
Como vai aumentar o número de pensionistas até 2070?

Pensionistas – total e em % da população (2020-2070)

Fruto do aprofundamento do processo de envelhecimento demográfico, o número de pensionistas deverá crescer de forma significativa até 2045 – de cerca de 2,7 milhões, em 2020, para 3,3 milhões. Posteriormente, por via da redução no fluxo de novos pensionistas e do desaparecimento das coortes mais idosas, o número de pensionistas deverá descer de forma progressiva para, aproximadamente, 2,7 milhões de pessoas, em 2070. Tendo em conta que, durante esse mesmo período, a população portuguesa deverá diminuir cerca de 23%, este decréscimo não se traduzirá em termos percentuais. Assim, a partir de 2040, os pensionistas representarão mais de um terço da população portuguesa.

 

Pensionistas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações (2020-2070)

A evolução do número total de pensionistas reflete, por um lado, o aumento do número de beneficiários de pensões da Segurança Social – de 2,2 milhões em 2020 para 3,1 milhões em 2050; e, por outro, o processo de gradual desaparecimento do contingente de pensionistas da CGA, que deixou de receber novos subscritores a partir de 2006. Assim, o número de pensionistas da CGA deverá diminuir de cerca de 503 mil, em 2020, para pouco mais de 193 mil, em 2050, tornando-se virtualmente marginal em 2070.

 

Pensionistas da Segurança Social – pensões contributivas e não-contributivas (2020-2070)

Refletindo o progressivo desaparecimento do atual contingente de beneficiários de prestações não contributivas, e a contínua maturação do sistema, o número de pensionistas a receber prestações de natureza não contributiva (Pensões Mínimas, Pensão Social de Velhice, Complemento Solidário para Idosos, etc.) deverá descer de aproximadamente 923 mil em 2020, para 749 mil em 2050, e 546 mil em 2070.

 

Pensionistas do Sistema Previdencial da Segurança Social, por tipo de pensão (2020-2070)

O número de pensionistas de Velhice deverá aumentar de 1,8 milhões, em 2020, para 2,4 milhões em 2050. Em contrapartida, o número de beneficiários de outras pensões do Sistema Previdencial da Segurança Social deverá decrescer. Assim, espera-se que o número de pessoas a receber uma Pensão de Sobrevivência desça de 573 mil, em 2020, para 379 mil, em 2070. Da mesma forma, o número de pensionistas por Invalidez (Absoluta ou Relativa) deverá diminuir de 214 mil, em 2020, para 190 mil em 2070.

 
Quanto iremos gastar com pensões até 2070?

Despesa com pensões, em euros (preços constantes) e em % do PIB, (2020-2070)

Refletindo o aumento do número de pensionistas (pelo menos até 2045) e ainda do valor das pensões da Segurança Social, é de esperar que, em termos absolutos, a despesa total com pensões aumente substancialmente entre 2020 e 2070 – de 24,8 mil milhões de euros para 37 mil milhões de euros. No entanto, o cenário muda quando medimos a despesa com pensões em percentagem do PIB. Como pode observar-se no gráfico, a despesa com pensões (em percentagem do PIB) deverá aumentar apenas de 12,5%, em 2020, para 12,7% em 2050, caindo mesmo para 11,8%, em 2070.

 

Despesa com pensões da Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações, em % do PIB (2020-2070)

A evolução da despesa com pensões é o produto de duas tendências contraditórias. Por um lado, refletindo o crescimento do número de pensionistas e o incremento acentuado do valor nominal das pensões, a despesa com pensões da Segurança Social deverá aumentar, tanto em valores como em percentagem do PIB – de 8,2% para 11,7%. Por outro, à medida que o contingente de pensionistas da CGA se for esvaziando, é de esperar que a despesa com pensões da CGA diminua de forma acentuada, nomeadamente no período entre 2020 e 2050 – de 4,3% e 1,3% do PIB, respetivamente.

 

Despesa com pensões contributivas e não-contributivas da Segurança Social, em % do PIB (2020-2070)

Refletindo o (expectável) decréscimo do número de beneficiários de prestações não contributivas, é expectável uma diminuição da despesa neste tipo de benefícios, quer em termos absolutos, quer em percentagem do PIB – de 1,4% para 0,5%. Como seria de esperar, a despesa com pensões do Sistema Previdencial deverá subir de forma significativa de 6,7% do PIB, em 2020, para 11,2% em 2070.

 

Despesa com Pensões do Sistema Previdencial da Segurança Social, por tipo de pensão, em % do PIB (2020-70)

A despesa com Pensões de Velhice deverá aumentar de 5% do PIB em 2020 para 9,7% em 2070. Da mesma forma, ainda que a um ritmo bastante inferior, a despesa em Pensões por Invalidez (Absoluta ou Relativa) deverá crescer de 0,50% do PIB, em 2020, para 0,80% em 2070. Por sua vez, a despesa em Pensões de Sobrevivência deverá diminuir de 1,24%, em 2020, para 0,76% em 2070.

 
As receitas do sistema vão chegar para pagar as pensões?

Saldo Financeiro das Pensões do Sistema Previdencial da Segurança Social (2020-2070)

O crescimento das contribuições não será suficiente para compensar a subida da despesa em pensões no Sistema Previdencial da Segurança Social. Assim, é de esperar que este sistema comece a registar défices crónicos. A partir de 2027, a dimensão dos défices deverá aumentar de forma progressiva até atingir o seu pico (cerca de 2,8% do PIB) por volta de 2050. Posteriormente, fruto da estabilização da despesa, é expectável que os défices comecem a diminuir ligeiramente, estabilizando em valores próximos de 2,5% do PIB. O aparecimento de défices crónicos poderá ser adiado em 11 anos, mediante a utilização dos ativos do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS). Uma vez esgotados os fundos do FEFSS, o valor do défice do Sistema Previdencial subiria (de forma abrupta) para valores acima dos 2% do PIB.

 

Saldo Financeiro das Pensões da Caixa Geral de Aposentações (2020-2070)

A CGA enfrenta um problema de subfinanciamento das suas pensões, sendo de prever um saldo financeiro negativo da ordem dos 2,4% do PIB já em 2020. Tal deve-se, por um lado, ao elevado valor das pensões da CGA e, por outro, à decisão de fechar a CGA à entrada de novos subscritores a partir de janeiro de 2006. No entanto, será de esperar que, à medida que os beneficiários com pensões mais elevadas saiam do subsistema, o tamanho do défice financeiro deste subsistema vá diminuindo ao longo do tempo, até à sua completa extinção.

 
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