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Portugal nos últimos 30 anos: algumas notas

Resumimos alguns indicadores de dois trabalhos apresentados no Dia Mundial da Estatística.
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Juntámos dados sobre população, educação, saúde e mercado laboral em Portugal. Comparámos o Portugal de 1986 com o de 2015 e este último com os outros países europeus. Os dados vêm dos trabalhos «Números em destaque: Portugal de 1986 e de hoje» e «Retrato de Portugal na Europa».

Pordata assinalou o Dia Mundial da Estatística com o lançamento de um «Retrato de Portugal na Europa», que compara em vários indicadores a situação portuguesa com a dos outros 27 países europeus. Os dados no retrato são recentes e permitem uma visão comparada do desenvolvimento do nosso país.

Paralelamente, a agência de notícias Lusa publicou um trabalho de nome «Números em destaque: Portugal de 1986 e de hoje», em que apresenta sinteticamente uma visão panorâmica de como a sociedade portuguesa mudou ao longo dos últimos 30 anos. Este trabalho, que resulta de uma parceria com a Pordata, não identifica padrões evolutivos ao longo dos anos. O que podemos nele encontrar é uma comparação directa dos números de 1986 com os de 2015 para vários indicadores.

Neste artigo, vamos revelar um pouco do que estes estudos nos dizem nas seguintes áreas: população, educação, saúde, e economia e mercado de trabalho.

População: houve 8 vezes mais emigrantes portugueses em 2015 do que em 1986. Paralelamente, estão mais imigrantes a Portugal: quase 389 mil em 2015, face aos 87 mil de 1986. Há menos crianças e mais idosos no nosso país: de 12% em 1986, a faixa dos 65+ anos passou a representar 21% da população total em 2015. Paralelamente, aumentou a esperança média de vida, de 73 para 80 anos. No Portugal de 2015 há menos nascimentos, eles acontecem mais tarde e surgem cada vez mais fora do casamento (51%). Há metade dos casamentos e quase o triplo dos divórcios que havia em 1986.

Com 10,3 milhões de habitantes, temos o 12.º maior número de residentes entre os 28 países europeus. Somos, no entanto, um dos países onde a população está a diminuir e a envelhecer. Há 138,6 idosos por cada 100 jovens em Portugal. A média comunitária é de 119,8.

Apenas 45,1% dos portugueses completaram o ensino secundário. Na UE28: 76,5%.

Educação: quase todas as crianças de hoje passam pelo ensino pré-escolar. A realidade era bem diferente em 1986: apenas 27% eram nele matriculados. Nesse ano, apenas 18% dos portugueses entre os 18 e os 24 anos tinham o ensino secundário. Em 2015 já eram 75%. Em 30 anos, o número de docentes no ensino secundário e superior duplicou. O número de doutoramentos aumentou 12 vezes.

Comparativamente, estamos ainda bastante abaixo da média europeia: apenas 45,1% de todos os portugueses completaram o ensino secundário. Na UE28: 76,5%. A nossa taxa de abandono escolar, ainda que em queda, continua acima da média: 14,4% (face à média comunitária de 10,9%). Já no número de doutoramentos, a "explosão" dos últimos 30 anos tornou Portugal o 4º país com mais doutorados por 100 mil habitantes.

Saúde: há mais médicos e enfermeiros. Os portugueses acedem mais aos serviços do sistema de saúde (consultas, internamentos, urgências). As despesas do Serviço Nacional de Saúde por habitante e as da ADSE por beneficiário triplicaram nestes 30 anos. Há mais internamentos, mas o número de camas em hospitais por 100 mil habitantes é hoje um dos mais baixos da Europa. Por outro lado, as despesas de saúde constituem 5,1% do total de despesas das famílias portuguesas. Mais do que os 3,9% da média europeia.

A produtividade laboral portuguesa ainda é uma das mais baixas da Europa. A precariedade, pelo contrário, é a terceira mais elevada: 22%.

Emprego e mercado de trabalho: 30 anos depois, a taxa de desemprego piorou: de 8% para 12%. Desses, os desempregados de longa duração continuam a ser uma fatia importante: 64% em 2015, um pouco mais do que os 58% de 1986. Da população empregada, diminuiu a que trabalha nos sectores primário e secundário, e aumentou o peso do sector terciário (68% em 2015). Em geral, as remunerações aumentaram. E pelo caminho, aumentou a fatia feminina no mercado de trabalho: as mulheres são hoje metade da população empregada, embora representem menos de um terço dos empregadores.

A produtividade laboral portuguesa ainda é uma das mais baixas da Europa. A precariedade, pelo contrário, é a terceira mais elevada: 22% da população empregada tem um contrato de trabalho temporário.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor

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Portuguese, Portugal