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Três perguntas ao pneumologista Filipe Froes sobre a nova estirpe do coronavírus

Três perguntas ao pneumologista Filipe Froes sobre a nova estirpe do coronavírus

Médico pneumologista e intensivista responde a algumas questões sobre a estirpe que surgiu recentemente no Reino Unido.
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Uma nova estirpe do coronavírus está a deixar o mundo em alerta. Esta variante da SARS-CoV-2, que foi identificada pela primeira vez no Reino Unido em meados de Dezembro, já chegou a vários países do mundo e levou muitos a encerrarem as suas fronteiras aéreas com Inglaterra. O pneumologista e coordenador do gabinete de crise Covid-19 da Ordem dos Médicos, Filipe Froes, responde neste texto a três perguntas sobre os riscos e características da nova estirpe.

Prevê que ela trará uma sobrecarga para os serviços de saúde. O especialista alerta também que a eficácia da vacina que no dia 27 começará a ser administrada em Portugal e nos estados-membros da União Europeia pode ser condicionada pela acumulação de mutuações do vírus da Covid-19.

Já se conhecem as consequências potenciais da nova estirpe para a saúde dos doentes?

Esta nova estirpe anunciada a 14/12/2020 e identificada pela primeira vez na região de Kent, no Reino Unido, a 20/09/2020, apresenta o mesmo perfil de doença e de gravidade já descrito nos doentes infectados com as estirpes iniciais.

O facto de a nova estirpe se propagar mais rapidamente traz um peso acrescido sobre os sistemas de saúde?

O problema desta estirpe reside na maior capacidade de contágio, estimando-se que possa ser até 70% mais infecciosa do que as estirpes até agora.
O aumento da infecciosidade, facilita o contágio, implica um aumento do Rt (número de reprodução) e do número de pessoas que contraem a doença com aumento do número de doentes internados e da sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde.

A propagação da nova estirpe poderá obrigar a uma reavaliação das estratégias adoptadas pelos países?

Todas as mutações devem ser avaliadas em termos de eficácia de transmissão, gravidade da doença e resposta da vacina.
Um aumento da transmissibilidade pode justificar, só por si, um aumento das medidas restritivas e/ou da sua duração de modo a evitar a disseminação da nova estirpe.
A acumulação de mutações pode condicionar uma menor eficácia da vacina.

 

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

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