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8 livros que autores da Fundação recomendam para as suas férias

Conheça as sugestões de 8 autores da Fundação para as suas leituras de Verão.
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Perguntámos a Afonso Cruz, Alfredo Teixeira, Bernardo Pires de Lima, Iva Pires, João Villalobos, Laura Sagnier, Marta Prista e Miguel Metelo de Seixas que livros recomendam para este Verão. Estas são as sugestões destes autores da Fundação.

Sugestão de Afonso Cruz, o autor de O macaco bêbedo foi à ópera: da embriaguez à civilização.

As Cores da Infâmia
Albert Cossery
(Antígona, 2016)

O autor conta a história de um ladrão que se veste como um homem abastado, passando assim por cidadão honesto e insuspeito: «Estou paramentado com todos os ornamentos da prosperidade. Julgam-me rico. Neste meio, já se sabe que só os pobres são ladrões. É uma superstição que remonta à Antiguidade e que convém perfeitamente aos meus negócios.» É um autor que abomina o trabalho. Não imagino nada mais pertinente para as férias.

Sugestão de Marta Prista, a autora de Vila Medieval.

Americanah
Chimamanda Ngozi Adichie

(Dom Quixote, 2013)

É um romance memorável e uma crítica social graciosa mas sagaz que fala das causas identitárias que hoje avivam os debates públicos, sem estereótipos nem afectação. Americanah conta uma história de amor entre a Nigéria, os Estados Unidos e a Inglaterra, que retrata questões raciais e de género, ansiedades identitárias e vidas em mobilidade, contextos pós-coloniais e neoliberais, sempre ao ritmo do quotidiano e no tom das suas emoções.

Sugestão de Bernardo Pires de Lima, o autor de Portugal e o Atlântico.

Stoner
John Williams

(Dom Quixote, 2014)

Foi talvez o último grande livro que li. Escrito há meio século, só há pouco tempo teve a merecida projecção, redescoberto pela reedição e por traduções cuidadas. Na crítica, houve quem lhe chamasse «o melhor romance que ninguém leu«. Em volta de uma história simples e maravilhosamente bem escrita, John Williams percorre os dilemas da vida de um professor universitário no Missouri, entre a inquietude da carreira, a melancolia dos hábitos, a deslealdade dos pares e o turbilhão das relações mais íntimas. Um retrato a cores sobre as fragilidades dos mais brilhantes e a mesquinhez da academia.

Sugestão de Laura Sagnier, a coordenadora do estudo As mulheres em Portugal, hoje

A ridícula ideia de nunca mais te ver
Rosa Montero
(Porto Editora, 2015)

A história pessoal e as conquistas profissionais da cientista Marie Curie, a única mulher até hoje a ganhar dois prémios Nobel, entrelaça com a vida da Rosa Montero. O luto pela morte precoce dos seus maridos e o nexo de união entre a vida da cientista e a da própria autora. Pedaços da vida e da superação do dor de ambas as mulheres são entrelaçados de forma emotiva e inteligente. Um livro fascinante, que toca e deixa a vontade de ler mais da autora.

Sugestão de Miguel Metelo de Seixas, o autor de Quinas e Castelos, sinais de Portugal.

A Semana Santa
Louis Aragon
(Ulisseia, 2006)

Louis Aragon, um dos fundadores do movimento surrealista, ficou conhecido sobretudo pela sua produção poética. Mas escreveu também uma série de romances, entre os quais avulta este romance histórico surpreendente. O tempo retratado é o das convulsões do final da aventura napoleónica, concentrado numa única semana: aquela em que o recém-restaurado rei Luís XVIII se vê obrigado a abandonar a sua capital face ao desembarque de Napoleão, que escapou do exílio da ilha de Elba e avança pela França para retomar o poder. Num mundo que se desmorona e se reconstrói, onde tudo oscila, o jovem pintor Géricault, oficial da guarda do rei em fuga, observa e medita sobre a condição humana e social.

Sugestão de Alfredo Teixeira, o autor de Religião na sociedade portuguesa e coordenador do estudo Identidades religiosas e dinâmica social na Área Metropolitana de Lisboa.

Eu Sou a Minha Poesia. Antologia pessoal
Maria Teresa Horta
(Dom Quixote, 2019)

Trata-se de um exercício de identidade. A poetisa - assim mesmo quer chamar-se -,  nos seus mais de 40 anos de atividade literária, recolheu fragmentos das suas obras para nos oferecer um vitral poético, aberto a múltiplos itinerários. O livro abre-se a qualquer hora, em qualquer dia, em segredo ou em voz alta. De poema em poema, talvez lhe pudéssemos chamar um «livro de horas», capaz de imprimir, nos nossos quotidianos, uma palavra nova de ousadia. Trata-se de um dos universos poéticos mais singulares, na desobediência das ideias, na claridade das palavras, na musicalidade do seu ritmo. Vale a pena parar, também, sobre a belíssima foto da capa, da autoria do seu filho.

Sugestão de Iva Pires, a autora de Desperdício Alimentar.

Ética Aplicada: Ambiente
Maria do Céu Patrão Neves e Viriato Soromenho-Marques (orgs.)
(Edições 70, 2017)

Esta obra identifica e reflecte sobre as relações entre a ética e o ambiente, onde provavelmente se vão colocar os mais importantes e difíceis desafios no futuro próximo. Os problemas ambientais resultam da forma como, ao longo da História, a Humanidade tem vindo a modificar, usar e explorar os recursos naturais, introduzindo profundas alterações nos ecossistemas e nos ciclos biogeoquímicos, como o ciclo do carbono. Mas essas alterações também se repercutem de forma crescente e negativa sobre a Humanidade e por isso exige-se uma reflexão profunda e uma consciencialização colectiva favorável à adopção de soluções mais criativas e inovadoras que permitam conciliar o bem estar de todos num planeta finito. Ao longo do livro, organizado em duas partes, um amplo leque de autores reflecte sobre temas ambientais, usando uma linguagem clara e acessível. Porque contribuir para um futuro sustentável é uma responsabilidade de todos nós, a leitura deste livro ajuda-nos a reflectir sobre os principais desafios e, em última instância, a agir construindo soluções que permitam reequilibrar as relações entre o ser humano e o ambiente.

Sugestão de João Villalobos, o autor de Terapias, energias e algumas fantasias.

A Geringonça
Inês Serra Lopes
(Oficina do Livro, 2019)

Outros livros sobre a geringonça existem, entre eles Como Costa Montou a Geringonça em 54 Dias, de Márcia Galrão e Rita Tavares, ou Para Lá da «Geringonça», de André Freire. Mas este A Geringonça, da autoria de Inês Serra Lopes, é o mais actual e actualizado. Este Verão - o último antes que o modelo de governação assim baptizado por Vasco Pulido Valente se transforme noutra coisa qualquer - é a altura ideal para entendermos de uma vez por todas o que levou os "primos" do PS, PCP e BE a montarem e levarem até ao fim da legislatura uma disruptiva e inédita solução política nunca antes tentada desde o 25 de Abril.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor

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Portuguese, Portugal