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5 Leituras #36: A violação explicada a totós

5 Leituras #36: A violação explicada a totós

Sugestões de Nelson Marques, autor do retrato “Filhos da Quimio”, publicado pela FFMS.
3 min
Novo artigo da rubrica «5 Leituras», em que autores da Fundação sugerem a leitura de cinco artigos ou a visualização de vídeos publicados na internet, em língua portuguesa, espanhola ou inglesa.

 

Estas sugestões não são sobre o caso que envolve um cidadão português, jogador de futebol, e uma cidadã dos Estados Unidos. São sobre os mitos e os preconceitos que alimentam uma cultura de violação que continua a persistir. Urge desmontá-los.

Why women stay silent after sexual assault
Inés Hercovich, TEDx Rio de la Plata
(Em língua espanhola, com legendas em inglês)

Na Argentina, uma em cada quatro mulheres é vítima de agressão sexual. Dessas, só 10 por cento denunciam o crime às autoridades. O que explica este silêncio? A socióloga e psicóloga argentina Inés Hercovich, pioneira no estudo da violência sexual contra as mulheres, dá a resposta nesta TED Talk.

Many rape victims experience involuntary paralysis that prevents them from resisting
Anna Möller, Hans Peter Söndergaard e Lotti Helström, “Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica” 
(Em língua inglesa)

O mito da resistência nos crimes sexuais tem feito o seu percurso até aos dias de hoje, parecendo sugerir uma hipótese infame: se não há sinais de resistência é porque terá havido consentimento. “Quando uma mulher não quer, o corpo não colabora”, escreve-se em defesa de um potencial agressor. Ora, há pelo menos duas boas explicações para este fenómeno, que está muito longe de ser incomum: o apelo de muitos especialistas à não resistência para não agravar a situação da vítima; e os estudos que sugerem que essa reação é provocada por uma “paralisia involuntária” que mais não é do que uma reação natural do organismo a um ataque predatório.

Why we're psychologically hardwired to blame the victim
Maia Szalaviz, The Guardian
(Em língua inglesa)

“A dançar assim, estava à espera de quê?”. “Com um decote até ao umbigo e uma racha até cá acima estava mesmo a pedi-las!”. “Foi ao quarto fazer o quê? Jogar Uno?”. É espantosa a velocidade com que tantas vezes – demasiadas – a culpa é transferida para as vítimas de violência sexual. A culpa é do nosso preconceito: se algo de mal aconteceu a uma pessoa, é porque ela deve ter feito algo de errado.

Our story of rape and reconciliation
Thordis Elva e Tom Stranger, TEDWomen 2016
(Em língua inglesa)

É possível uma vítima de violação perdoar quem a violou? Durante muito tempo, esta questão não saía da cabeça de Thordis Elva, que foi violada aos 16 anos pelo então namorado, um rapaz australiano a fazer intercâmbio na Islândia. Para tentar sarar as suas feridas, ela decidiu escrever-lhe, iniciando uma correspondência entre ambos que duraria oito anos e culminaria num encontro de uma semana na Cidade do Cabo, na África do Sul. Dessa reconciliação nasceu um livro escrito por ambos, “South of Forgiveness” (A Sul do Perdão), uma colaboração sem precedentes entre uma vítima e o seu agressor que derruba muitos dos preconceitos sobre a violação. Em 2016, Thordis e Tom subiram ao palco do TED Women com uma mensagem poderosa: “Ninguém tem o direito de dizer aos outros como devem lidar com a sua dor mais profunda ou com o seu maior erro”.

Trump Weaponizes Victimhood to Defend Kavanaugh
The Daily Show With Trevor Noah
(Em língua inglesa)

Estão os homens a ser vítimas de uma conspiração global alimentada por movimentos feministas? Há assim tantos que são acusados injustamente de abusar sexualmente de outras pessoas? Será mesmo este o pior período de sempre para ser homem, como afirmou Donald Trump? Em 8 minutos, Trevor Noah destrói estes e outros mitos que encontram eco em muitas pessoas.

Nelson Marques é autor do livro-retrato Filhos da Quimio, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

 

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

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