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5 Leituras #15, por Carla Maia de Almeida: violência doméstica, feminismo e poder

5 Leituras #15, por Carla Maia de Almeida: violência doméstica, feminismo e poder

Sugestões de leitura de Carla Maia de Almeida, autora do livro «Em nome da filha: Retratos de violência na intimidade», publicado pela FFMS.
3 min
Novo artigo da rubrica «5 Leituras», em que um autor da Fundação sugere a leitura de cinco artigos publicados na internet, em língua portuguesa, espanhola ou inglesa. Desta vez publicamos as sugestões de Carla Maia de Almeida, autora do livro «Em nome da filha: Retratos de violência na intimidade».

 

Why domestic violence victims don’t leave
TED Talk de Leslie Morgan Steiner
(Em língua inglesa)

Formada em Harvard, escritora e editora, Leslie Morgan Steiner casou aos 22 anos, uma idade vulnerável para as vítimas de violência doméstica. As agressões começaram antes, mas Leslie não reconheceu os primeiros sinais nem identificou os padrões de comportamento abusivo. Viveu muitos anos com uma pistola apontada à cabeça. Neste testemunho notável, com mais de um milhão e meio de visualizações, Leslie responde «à pergunta mais triste que as pessoas podem fazer» (porque é que as vítimas não saem de casa?), explicando por que razão é tão árduo deixar o agressor.

We should all be feminists
TEDx Talk de Chimamanda Ngozi Adichie
(Em língua inglesa)

A premiada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie recorda a primeira vez que um amigo lhe disse, aos 14 anos: «Tu és feminista.» Ela não sabia o que era uma feminista, mas percebeu não estar perante um elogio. Numa comunicação esclarecida e cheia de humor, reflecte sobre as clivagens e as expectativas de género em África e na Nigéria, onde as raparigas são pressionadas para se casarem rapidamente e os rapazes vivem na obsessão da hipermasculinidade. Como mudar este paradigma? Por outra educação das crianças. Mesmo que os resultados só cheguem daqui a 50 ou cem anos.  

The power of addiction and the addiction of power
TEDx Talk de Gabor Maté
(Em língua inglesa)

Gabor Maté, médico canadiano, tratou centenas de adictos ao álcool e a drogas de todo o tipo, mas a sua definição de adição está além dessa prática. Uma adição é qualquer comportamento que proporciona prazer e alívio imediatos, mas que traz consequências negativas a longo prazo e, mesmo assim, não se consegue abandonar. Comida, sexo, pornografia, internet, compras, poder, dinheiro... Para  Gabor Maté, somos todos hungry ghosts; seres à procura da adição certa para colmatar o vazio e o sofrimento. A questão não é «porquê a adição», mas sim «porquê a dor?».

How the worst moments in our lives makes us who we are
TED Talk de Andrew Solomon
(Em língua inglesa)

Autor de O Demónio da Depressão e Longe da Árvore, ambos traduzidos para português, Andrew Solomon sabe que «as nossas histórias pessoais forjam a nossa identidade». Alvo de bullying e de preconceito devido à sua orientação sexual, recorda alguns episódios traumáticos da infância e da juventude para concluir que tudo o que lhe sucedeu de «mau» se revelou, mais tarde, pleno de significado. A compreensão e a integração psíquica dos acontecimentos traumáticos é fundamental para a conquista da liberdade de ser. Um discurso comovente e inspirador.

The Type
Declamação poética de Sarah Kay no Button Poetry
(Em língua inglesa)

Poeta, storyteller e um dos nomes mais aclamados do slam/spoken word, Sarah Kay fala como quem canta, respirando autenticidade. The Type continua a ser o meu poema favorito. Eis um excerto que tomei a liberdade de traduzir: «Se cresceste para ser o tipo de mulher que os homens querem tocar/Podes deixá-los tocarem-te/Às vezes não és tu quem eles procuram/Às vezes é uma garrafa, uma porta, uma sanduíche, um Pulitzer, outra mulher/Mas as mãos deles alcançaram-te primeiro./Não te tomes por uma guardiã/Ou uma musa, ou uma promessa, ou uma vítima, ou um aperitivo./És uma mulher, ossos e pele, veias e nervos, cabelo e suor/Não és feita de metáforas, nem de desculpas, nem de pretextos.»

Carla Maia de Almeida é autora de «Em nome da filha - Retratos de violência na intimidade», ensaio publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

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