A
A
5 Leituras #7, por Bernardo Pires de Lima: O futuro da UE e as novas lideranças autoritárias

5 Leituras #7, por Bernardo Pires de Lima: O futuro da UE e as novas lideranças autoritárias

Sugestões de leitura de Bernardo Pires de Lima, o autor de « Portugal e o Atlântico». Sétio artigo da rubrica «5 Leituras» da FFMS.
4 min
Sétimo artigo da rubrica «5 Leituras», em que um autor da Fundação sugere a leitura de cinco artigos publicados na internet, em língua portuguesa ou inglesa. Desta vez publicamos as sugestões de Bernardo Pires de Lima, o autor de «Portugal e o Atlântico».

 

How does populism turn Authoritarian? Venezuela is a case in point
Artigo de Max Fisher e Amanda Taub para o New York Times
(Em língua inglesa)

O que se passa na Venezuela é uma bomba-relógio, mas nem isso tem conseguido suscitar um debate à altura em Portugal. Este artigo mostra como a degenerescência do regime vem dos tempos de Chávez, um roteiro populista e sectário que funcionou como antecâmara do caos nacional acumulado e do autoritarismo do círculo de Maduro. Portugal foi perigosamente conivente com este trajecto.

How anti-democratic propaganda is taking over the World
Artigo de Christopher Walker para o Politico
(Em língua inglesa)

Propaganda é um termo redutor para o que estamos a observar a partir de Moscovo, Pequim ou Ancara. A estratégia é de public affairs, internacionalizando uma narrativa assente na construção de percepções, factos alternativos, vitimizações, demonizações de terceiros, num complexo comunicacional que ajuda a legitimar decisões autoritárias, a reforçar o perfil das lideranças e a conquistar correligionários capazes de cercar as democracias onde vivem, falsear os termos do debate público e, até, vencer eleições.

Inside Donald Trump’s White House chaos
Artigo de Philip Elliott para a Time
(Em língua inglesa)

Não é um artigo definitivo sobre as tensões no interior da actual Casa Branca, mas abre o véu sobre a disfuncionalidade do team Trump. Não no sentido de revelar divergências e egocentrismos novos em administrações - eles estão presentes em qualquer uma -, mas porque expõe um misto de inexperiência, conflito de interesses e posições de arrogância ideológica que não auguram um mandato estável. Isto num momento em que o Ocidente mais precisa de uma América sólida, estratégica e comprometida com a defesa das liberdades, da separação de poderes, e dos pilares internacionalistas que têm alicerçado as democracias euro-atlânticas. Pior que a incerteza quanto à estratégia da administração Trump, só mesmo um caos total na sua definição.

The EU has tolerated Viktor Orbán for too long. It has to take a stand now
Artigo de Cas Mudde (o autor do livro Populismo: uma brevíssima introdução, editado pela Gradiva com apoio da FFMS) para o Guardian
(Em língua inglesa)

Um curto resumo do percurso do primeiro-ministro húngaro, escrito por um reputado cientista político holandês que deu aulas na Central European University (CEU), em Budapeste, a mesma universidade agora alvo de uma infame legislação para a encerrar e que expõe mais um dos atropelos às liberdades e à democracia húngaras em marcha na última década. Só é pena que a indignação contra Viktor Orbán apenas suba de tom agora, quando motivos não faltaram anteriormente para travar o autoritarismo num Estado-membro da União Europeia. Essa desvalorização tem um preço: Orbán faz o que quer e o seu modelo já tem reminiscências a Leste e em vários partidos espalhados pela Europa.

Can core Europe move forward without a core?
Policy paper de Rosa Balfour e Anna-Lena Kirch para o German Marshall Fund
(Em língua inglesa)

As vésperas das presidenciais francesas e, mais tarde, das legislativas alemãs abrem o debate existencial da União Europeia: que condições e motivações terão os vencedores para imprimir no espaço comunitário uma agenda que inverta o negativismo sobre a pertinência das instituições e dos valores da UE. Neste policy paper, as autoras centram-se na ineficiência do centro político e decisional da UE, ao mesmo tempo que reconhecem a existência de uma geometria variável de mini-alianças regionais, defendendo ser este o rumo da integração e até da melhoria do seu funcionamento. É um interessante contributo para os vários debates críticos neste decisivo ano europeu.

Bernardo Pires de Lima é autor de «Portugal e o Atlãntico», um ensaio publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor.

Portuguese, Portugal